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Em cenário mais seletivo, startups buscam alternativas para captar recursos

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Embora alguns indicadores mostrem a recuperação da economia após a pandemia de Covid-19, a volatilidade do cenário macroeconômico vem afetando a captação de recursos entre as startups que operam no Brasil.

De janeiro a abril deste ano, o volume de investimentos registrou queda na comparação com o mesmo período de 2021. Foram 235 negócios, totalizando US$ 2,32 bilhões, contra 273 deals que somaram US$ 2,38 bilhões, segundo o hub de inovação Distrito. Entre os principais segmentos, apenas as fintechs (startups financeiras) tiveram resultado superior ao do ano passado – impedindo uma queda maior nos números.

Outro levantamento, da consultoria KPMG, mostra que os investimentos em venture capital no país nos primeiros três meses de 2022 caíram 42% pela metade na comparação com o quarto trimestre do ano passado, para US$ 1,5 bilhão.

Fatores como a alta da taxa básica de juros, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia e o cenário inflacionário deixam os investidores mais cautelosos. “Isso não significa, contudo, que não haja capital disponível. A questão é que, ao menos até o resultado das eleições presidenciais, em outubro, teremos aportes mais seletivos”, afirma Eduardo Luque, sócio-diretor do Grupo IRKO.

Isso significa, afirma, que haverá uma concentração maior de aportes nas companhias já consolidadas ou naquelas que oferecem soluções realmente inovadoras e que provam ter um crescimento sustentável.

“Quando esse mercado estava aquecido, os empreendedores conseguiam captar grandes quantias porque os investidores tinham recursos e não queriam ficar de fora desse nicho. Agora, com os investimentos mais restritos, os empresários se interessam por startups que realmente revolucionam seu segmento e/ou que possuem saúde financeira e contábil, demonstrando que são sustentáveis”, avalia Luque.

Isso levará essas empresas, de acordo com ele, a procurarem alternativas para continuarem a desenvolver seus negócios, para além dos tradicionais modelos de venture capital, private equity e aportes de aceleradoras.

Entre as opções, estão a contratação de dívida diretamente com os bancos, o crescimento com capital próprio, mais lento, durante o período de baixa, e o Corporate Venture Capital – investimentos de grandes empresas em startups que ofereçam serviços ou tecnologia de que necessitem.

Investimento-anjo e crowdfunding

Para empresas em estágios iniciais, que busquem fôlego para testar um novo serviço ou produto, é possível contar com o investimento-anjo – recursos de pessoas físicas aplicados nas startups. Em 2020, eles chegaram a R$ 856 milhões, segundo mapeamento feito pela Anjos do Brasil. Para 2021, as estimativas é que tenham superado a marca de R$ 1 bilhão – os dados, contudo, ainda não foram divulgados.

“Esse tipo de aporte ganhou mais tração após o Marco Legal das Startups, aprovado em 2021, que regulamentou o investimento-anjo”, afirma Eduardo Luque. “Com isso e o arrefecimento da pandemia, pode ser uma opção para algumas iniciativas – embora representem, claro, um volume bem menor do que os investimentos tradicionais.”

Vale lembrar que o papel do investidor anjo é fundamental nas primeiras rodadas de investimento, pois viabilizam os testes e a implementação do serviço ou produto oferecido. Entretanto, esse é só o primeiro passo e as startups dependem de outros investimentos para continuar operando.

Então, o importante é que o empreendedor tenha em mente que a saúde financeira, contábil, fiscal e a adoção de boas práticas, como governança, são essenciais para se destacar na hora de captar recursos.

Outra saída possível neste cenário desafiador é o equity crowdfunding. Trata-se de um financiamento coletivo – regulamentado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e pela Associação Brasileira de Crowdfunding de Investimento – onde os investidores ganham participação societária como contrapartida. A vantagem é que a startup consegue levantar dinheiro enquanto os investidores aportam um valor menor comparado ao que desembolsariam em outra modalidade de investimento.

“A adesão a esse modelo ainda não é expressiva no Brasil, mas esse cenário está começando a mudar. A CVM alterou recentemente as regras sobre o investimento, que agora está mais abrangente”, diz o sócio do Grupo IRKO.

O aumento do limite máximo de captação por oferta, por exemplo, foi de R$ 5 milhões para R$ 15 milhões, e o valor máximo da receita bruta anual do emissor, de R$ 10 milhões para R$ 40 milhões. Outra alteração foi o incremento do limite de investimento individual anual dos investidores não qualificados, que dobrou e agora é de R$ 20 mil.

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