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Fim do Auxílio emergencial e a fome

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Hoje temos no Brasil 15 milhões de desempregados, com 230.000 mortos pela pandemia e um Bolsa Família que não acompanha a inflação. Como se não bastasse, agora temos o fim do auxílio emergencial, acompanhado pelo olhar desesperado das mães que são a maioria das chefes de família em todas as comunidades ou favelas do Brasil. Segundo o Datafolha, 69% dos brasileiros atendidos pelo auxílio emergencial ainda não conseguiram outra fonte de renda.

Ontem, ao assistir uma reportagem na televisão, fiquei realmente consternado, para não dizer triste, quando ouvi uma criança de determinada comunidade dizer que, quando tem fome, come “farinha com açúcar”. Temos definitivamente que mudar o rumo da condução econômica do Brasil, e de nada adianta colocarmos a culpa na pandemia, como faz o governo, e mais precisamente o Sr. Paulo Guedes, que só está preocupado com o “teto fiscal” e poucos olhos tem para os que vivem em situação de extrema pobreza, na solidão, e para a angústia das mães chefes de família das favelas deste imenso Brasil.

Se não temos vacina por negligência do Poder Público, ou “picuinha da Anvisa”, não podemos ser negligentes com o fim do auxílio emergencial. Sabemos que o benefício de 600 reais chegou a atingir mais de 126 milhões de pessoas, o que representou 60% da população brasileira, entre pobres, negros, desalentados, pessoas para as quais a única saída foi, sim, o auxílio emergencial. E mais uma vez repito, de nada adianta culparmos a pandemia, pois fomos um dos últimos países a demonstrar preocupação com tal problema do ponto de vista sanitário, encarando-o com descaso, chacota, falta de organização e negacionismo.

Infelizmente o auxílio emergencial terminou e sabemos também que, em 2020, somente a inflação de alimentos, de acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), foi de 14,09%, e o último reajuste do Bolsa Família foi de 5,6%, concedido ainda no governo Temer, em 2018. Portanto, diante desse quadro desesperador, em que o liberalismo insiste em promover ajuste econômico em vez de assistencialismo social em época de crise, podemos nos aprofundar na miséria e tornar mais grave a fome que já assola o país.

O governo Bolsonaro conta agora com o chamado Centrão, que por sua vez também vai pressionar o Sr. Guedes a flexibilizar a renovação desse auxílio, como que num grande “Plano Marshall”, para que a “farinha e o açúcar” não alimentem a desesperança, as doenças, o desagregamento familiar, a criminalidade, típicas de governos liberais, nos quais a economia ignora a tragédia da fome, tornando-se uma pandemia existencial ideológica, mais letal que o vírus, pois atinge uma população em especial, a mais vulnerável, a sem esperança, afinal, razões econômicas não dão ouvidos a quem de fome morre.

Fernando Rizzolo é advogado, jornalista e mestre em Direitos Fundamentais.

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