Os jovens dessa geração estão bastante pessimistas sobre o futuro do país. É isso que mostra um estudo da consultoria Ipsos para a Bill & Melinda Gates Foundation, que aponta que 38% das crianças e jovens brasileiros não têm uma boa perspectiva sobre o futuro do Brasil.
O levantamento entrevistou crianças e jovens entre 12 e 24 anos sobre as expectativas para o futuro, não pensando apenas no país, mas no mundo como um todo. E o que mais preocupa os jovens brasileiros, segundo a pesquisa, é o trio educação, saúde e segurança.
Com o mercado bastante fechado em relação a postos de trabalho, com o endurecimento das regras da aposentadoria pública, os jovens brasileiros precisam buscar formas de empreender, a melhor previdência privada e outras formas para financiar os seus sonhos e vislumbrar o seu futuro profissional.
Pandemia de COVID-19 agravou a situação do desemprego de jovens no país
Em setembro de 2020, o Brasil estava começando a ter noção do que seria uma segunda onda de contaminação do coronavírus, a taxa de desemprego no país já ultrapassava a casa dos 13%. Deste percentual, quase 30% são jovens que estão começando uma carreira profissional.
Segundo a Folha de São Paulo, no mesmo período o índice de desocupação de jovens no país era cerca de 26%, devido também a uma forte influência da pandemia. No 1° trimestre de 2021, a taxa de desemprego bateu um novo recorde, alcançando o percentual de 14,7%.
O estudo da OIT (Organização Internacional do Trabalho) sobre o impacto da pandemia no mercado de trabalho global mostra que um a cada seis jovens perderam o emprego depois do início da crise causada pelo coronavírus. A pesquisa também mostra que dentre os que mantiveram os seus empregados, 23% tiveram a jornada reduzida.
Outro fator que tende a ser ressaltado é que a alta taxa de desocupação dos jovens no Brasil não é algo fora do comum, já que em 2019 três em cada quatro jovens trabalhavam informalmente.
Será que a próxima geração realmente está perdida?
Analisando o cenário montado pela pesquisa da OIT, muitos se questionam sobre a possibilidade de os jovens da atualidade fazerem parte de uma “geração perdida”. De acordo com a OIT, os jovens são o grupo mais afetado pela pandemia de coronavírus.
Segundo a organização, os empregos possíveis para esta geração estão sendo destruídos e as oportunidades de educação não se mostram suficientes para ajudar os jovens a apostarem em uma nova carreira, alimentando uma perspectiva para o futuro.
O diretor da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), Stefano Scarpetta, disse em entrevista à BBC News Brasil, que há uma preocupação que os jovens dessa geração fiquem reféns de cargos precários, tendo apenas subempregos como opções para sobreviver.
Alguns especialistas são mais otimistas, como o VP de Educação Continuada da Ânima Educação, Guilherme Soárez, em entrevista ao Na Prática, que enxerga a possibilidade de que os jovens tenham a chance de criar um novo ambiente, alimentando novas relações de trabalho no pós-pandemia.
O que pode mudar a expectativa dos jovens em relação ao futuro Brasil?
O cenário para o futuro parece ser bastante negativo, mas em meio a crise é fundamental pensar em possibilidades e oportunidades que possam gerar uma nova expectativa em relação ao futuro. O primeiro ponto é notar como os jovens dessa geração buscam alternativas para superar as dificuldades, como partir para o empreendedorismo.
Atualmente, o Brasil atingiu o maior número de empreendedores no século. Segundo a pesquisa GEM (Global Entrepreneurship Monitor) aponta que 25% da população adulta no Brasil estão envolvidas em negócios recentes no mercado ou na abertura de novos negócios.
Segundo especialistas, o principal ponto para que a geração não seja perdida é que os jovens se mantenham estudando. Por isso, o ponto primordial é o investimento do governo em educação, de preferência com vínculos com o mercado de trabalho.
Esse será outro grande desafio para o futuro dos jovens brasileiros. De acordo com a pesquisa “Juventudes e a pandemia do coronavírus” realizada pelo Conjuve (Conselho Nacional da Juventude) aponta que 28% dos jovens entre 15 e 29 anos pensam em abandonar os estudos, saído de escolas e universidades no pós-pandemia.
Em resumo, o caminho para vencer as dificuldades de um mercado de trabalho em crise e sem tanta perspectiva é buscar conhecimento. Investir em educação é a salvação dessa geração para gerar novas oportunidades de trabalho e fomentar o empreendedorismo no mercado brasileiro.
Como percebemos, o jovem brasileiro não está tão animado com o seu futuro no pós-pandemia. Porém, ainda há a expectativa de que essa situação melhore ou, pelo menos, seja menos impactante no mercado brasileiro. O que não falta são caminhos para que essa situação seja revertida e que haja uma real expectativa positiva no futuro dos jovens brasileiros.
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