A alta rentabilidade das criptomoedas é um de seus principais atrativos como investimentos. No entanto, rendimentos elevados costumam vir acompanhados de forte volatilidade, tanto em termos de alta quanto de baixa.
Nesse sentido, é comum ver criptomoedas cujos preços caem 5% em um dia, sobem 10% no outro, ou vice-versa. Por isso, comprar criptomoedas é visto como um investimento de alto risco.
Mas existe um tipo de criptomoeda que surgiu com o objetivo de mitigar os efeitos dessa volatilidade do mercado. Trata-se das stablecoins, que são lastreadas em outros ativos. Confira agora o que são e como funcionam as stablecoins.
Criptomoedas com “lastro”
A palavra stablecoin significa “moeda estável” em tradução livre. Essas stablecoins costumam ter o seu valor atrelado a um determinado ativo, ou cesta de ativos.
De maneira geral, as stablecoins são emitidas por empresas ou organizações. Assim, ao contrário das criptomoedas tradicionais, elas são centralizadas e possuem uma empresa por trás. No entanto, também existem stablecoins, como a DAI, que são descentralizadas.
Uma crítica comum ao Bitcoin (BTC) e outras criptomoedas é de que elas não possuiriam lastro, ou seja, não há um ativo ou objeto que garantiria o valor dessas criptomoedas. Por outro lado, as stablecoins são lastreadas em algum ativo de reserva.
Ativos de reserva são ativos financeiros, mantidos por bancos centrais, ou organizações que classificam seu valor. Esse ativo deve estar prontamente disponível para as autoridades monetárias e normalmente são um ativo físico externo. O ouro guardado pelos bancos centrais é um exemplo de ativo de reserva.
Uma stablecoin é atrelada a alguma moeda fiduciária, como dólar ou euro, por exemplo. Existem até mesmo stablecoins lastreadas no próprio ouro, como a PAX Gold.
Assim, o preço daquela criptomoeda é, obrigatoriamente, equivalente ao preço da moeda que lhe serve de lastro.
Tome como exemplo o Dólar Tether, ou USDT, a maior stablecoin em valor de mercado. Ela é emitida por uma empresa chamada Tether Limited e possui seu valor totalmente atrelado ao dólar americano (USD). Dessa forma, um USDT tem o valor exato de US$ 1,00.
Para que serve uma stablecoin?
As stablecoins têm como um de seus objetivos reproduzir no mercado de criptomoedas a estabilidade das moedas fiduciárias. Conforme visto no início do texto, criptomoedas como o BTC podem registrar grandes oscilações de preço ao longo de um dia.
Imagine que o BTC fosse uma moeda corrente no Brasil. Você iria à padaria de manhã e pagaria o equivalente a R$ 3,00 num saco de pães. Em seguida, ao ir na mesma padaria à noite, o saco de pão custa R$ 2,20. Porém, no dia seguinte o preço já subiu para R$ 3,10.
A imprevisibilidade nos preços é um dos fatores que, pelo menos até o momento, dificultam a adoção das criptomoedas. De fato, El Salvador adotou o BTC como moeda oficial em setembro deste ano, mas os preços ainda são cotados em dólares.
Com as stablecoins, os investidores podem diminuir essa volatilidade e ter em mãos uma criptomoeda mais estável. Entre as maiores vantagens do uso de stablecoins, estão:
- as stablecoins criam estabilidade entre pares de negociação de criptomoedas, reduzindo o risco de perdas financeiras;
- servem como diversificação em um portfólio de investimentos e uma opção mais barata e moderna para se expor a moedas fortes;
- meio de troca em transações diárias, sem perda de confiança devido às fortes variações no poder de compra;
- instrumento para fazer caixa e aproveitar correções de mercado para comprar mais criptomoedas.
Tipos de stablecoins
Existem basicamente três tipos de stablecoins, conforme o tipo de lastro que elas possuem. Além disso, cada um deles atende a objetivos diversos. Veja agora quais são eles.
Colateralização em moedas fiduciárias
Este é o tipo mais comum e utilizado de stablecoins, pois é lastreado em moedas fiduciárias — moedas emitidas pelos governos. Cada unidade da stablecoin é lastreado na proporção um para um, isto é, cada token equivale a uma unidade básica da moeda em questão.
Alguns exemplos desse tipo de stablecoins são a USDC e a USDT, DAI (lastreadas em dólar), EURT (lastreada em euro) e a BGBP (libra esterlina).
Colateralização em commodities
Esse tipo de stablecoin é lastreado em commodities, matérias-primas básicas muito utilizadas na indústria. Quem adquire esse tipo de stablecoin investe, de forma indireta, em um ativo real, como imóveis, petróleo e outros.
O principal exemplo é a Pax Gold (PAXG), criada para facilitar as negociações digitais de ouro. A stablecoin é baseada na rede Ethereum (ETH) e tem como lastro frações do metal.
Colateralização em outras criptomoedas
Por fim, também é possível criar stablecoins que são lastreadas em outras criptomoedas. Isso é geralmente feito com o objetivo de negociar determinada criptomoeda em uma blockchain diferente da sua. Um exemplo é o Wrapped Bitcoin (WBTC), token atrelado ao valor do BTC que pode ser negociado na rede Ethereum (ETH).
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