sexta-feira , 29 março 2024
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Por que o setor imobiliário permanece tão resistente à tecnologia?

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*Adriano da Silva Santos 

Estamos no meio da “revolução proptech”. Proptech, ou tecnologia de propriedade, é o termo amplo usado para abranger a introdução de novas tecnologias no setor imobiliário. A Proptech inclui tudo, desde a criação de novas “casas inteligentes” até sistemas de reservas on-line para visualização de propriedades. Apesar de poucos discordarem de que essas tecnologias se tornaram um componente integral da maioria dos setores, também é verdade que os negócios imobiliários e de administração de propriedades têm sido relativamente lentos em abraçar esse movimento.

Na verdade, foi apenas nos últimos dez anos que as empresas imobiliárias começaram a investir em proptechs. Podemos acompanhar o crescimento de seu interesse observando o mercado, principalmente se olharmos uma pesquisa desenvolvida pela Terracotta Ventures, no qual aponta para um crescimento de 702 para 840 empresas atuando no segmento, ou seja, um aumento de 19,6% no número de proptechs em relação a 2020.

Então, por que as empresas imobiliárias ainda são tão resistentes em novos investimentos em tecnologias? A resposta a esse aparente enigma é multifacetada e complexa, mas entender por que o setor imobiliário tem hesitado tanto em investir em novas tecnologias nos ajudará a abordar e desmascarar algumas preocupações que estão impedindo seu crescimento.

Primeiramente, não há como contornar isso: a tecnologia pode ser cara. A maioria das proptechs de hardware e software não somente tem custos iniciais, mas também requer manutenção regular na forma de atualizações, assinaturas e suporte especializado. Embora, em muitos casos, esses custos iniciais sejam bastante altos, as empresas muitas vezes não consideram como seria o retorno de seus investimentos caso introduzissem certos componentes.

No ano retrasado, mais da metade dos compradores relataram usar a internet para localizar e comprar sua propriedade, ao invés de um corretor de imóveis. A maioria dos locatários, tanto comerciais quanto residenciais, também preferem pagar o aluguel digitalmente. O mercado espera cada vez mais poder realizar seus negócios online e, para se manter atualizado com a demanda, as imobiliárias devem mudar seus próprios negócios para se acomodar.

Em última análise, o mercado mostrou que empreender um esforço de modernização trará um retorno positivo sobre o investimento enquanto prepara as empresas para a próxima geração de imóveis. Um exemplo de boa implementação tecnológica no país é a aMORA, proptech que realiza o sonho da casa própria por meio da flexibilidade do aluguel para seus clientes, e que nasceu para atender pessoas que não conseguem comprar um imóvel nos modelos atuais de financiamento.

Com uma entrada de apenas 5%, a startup adquire o imóvel escolhido pelo futuro comprador que faz um contrato de aluguel durante três anos. Ao final do período parte do valor arrecadado da mensalidade retorna como um “cashback” que passa a ser a entrada da compra final. Esse modelo mais disruptivo, fez com que a aMORA, conquistasse espaço no setor, se destacasse entre as melhores startups imobiliárias de 2022 segundo o prêmio GRI Award e ainda possibilitou que a marca realizasse neste ano sua primeira rodada de investimentos institucional liderada pelo Global Founders Capital (GFC), fundo global de venture capital, no valor de US$ 3,2 milhões de dólares.

Nesse aspecto, emerge uma outra preocupação comum sobre proptech que as empresas imobiliárias têm, a capacidade de integrar novas tecnologias em sistemas atuais. Os funcionários podem estar acostumados a fazer as coisas de uma determinada maneira, e mesmo os agentes mais experientes em tecnologia podem ter dificuldade para adaptar seu fluxo de trabalho para se acomodar à nova rotina. Aliás, de que adianta investir em um novo sistema se os funcionários não querem ou não sabem como usá-lo?

Mesmo que essa seja uma preocupação válida, os gerentes devem pensar no quadro geral quando se deparam com esse dilema. Processos manuais, como criar rolos de aluguel ou conduzir auditorias manualmente, podem parecer normais e necessários, mas introduzir automação ou inteligência artificial em seu fluxo de trabalho pode oferecer grandes dividendos em termos de economia de tempo e precisão. Isso pode permitir que os funcionários gastem menos tempo em “trabalho ocupado” e mais tempo fechando negócios, criando estratégias e trabalhando com clientes.

As dores de crescimento, portanto, valerão a pena a longo prazo. E há muitas maneiras de diminuí-los, como oferecer treinamentos e contratar um consultor para auxiliar nos esforços de integração. Além disso, também se pode ter certeza de escolher um produto ou solução que possa ser adaptado para adequar-se aos seus fluxos de trabalho existentes. Tudo isso pode atenuar as dores de cabeça iniciais que acompanham a transformação de um empreendimento

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