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Qual é a sua relação com o crédito? Saiba como ser mais responsável com o dinheiro

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Por Gustavo Godoy – Economista e diretor executivo da Ahfin

Para a maioria das famílias brasileiras, a falta de dinheiro certamente é um dos principais complicadores para a realização de seus objetivos. Entretanto, ter acesso facilitado a crédito também pode ser um problema caso a pessoa não tenha uma relação saudável com suas finanças. Hoje, a população conta com  inúmeras opções que disponibilizam quantias consideráveis em pouco tempo – até no mesmo dia, em alguns casos. Assim, mais do que buscar uma fonte de recursos para a realização de seus objetivos, é essencial saber o que fazer com esses valores e, claro, como honrar seus pagamentos. Em suma: é preciso ter uma relação responsável com o dinheiro.

Trata-se de um assunto cada vez mais importante, principalmente com a instabilidade econômica provocada pela pandemia da covid-19. De acordo com o Índice de Saúde Financeira do Brasileiro (ISFB), realizado pelo Banco Central em parceria com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), sete em cada dez habitantes do País (69,4%) gastam mais do que ganham ou, no máximo, empatam essa equação. Não à toa, praticamente dois terços das pessoas (64,5%) admitem que não têm segurança sobre seu futuro financeiro. Mesmo assim, apenas 37,9% percebem que precisam de algum tipo de orientação.

Se antigamente a preocupação era não ter acesso a recursos financeiros pela indisponibilidade de opções, hoje o receio é não saber escolher a melhor delas  e acabar com uma dívida ainda maior. É preciso perceber quais são as alternativas disponíveis nas instituições financeiras (ou na própria empresa onde trabalha) e perceber qual atende às suas necessidades. Foi-se o tempo em que o crédito pessoal era a única escolha viável. Agora, é possível solicitar adiantamento de salários, crédito consignado (debitado diretamente na folha) e crédito com garantias reais, como carros, imóveis e investimentos. Como se vê, soluções não faltam; só resta às pessoas definirem o que é realmente viável em suas vidas.

O principal desafio é justamente saber o que fazer com o dinheiro que estará disponível. Sabemos que no País, a maioria das pessoas deseja zerar suas dívidas. Mas é importante saber que não é todo recurso financeiro que serve a esse propósito. Tomar crédito com juros exorbitantes para pagar contas atrasadas não é uma opção, pois a pessoa só vai se endividar ainda mais. Por isso, deve-se, inicialmente, listar seus objetivos. Eles podem ser a casa própria, o pagamento de dívidas, a realização de uma viagem ou de um curso. Em seguida, “quebre” esses objetivos em pequenas metas ao longo do tempo e, a partir daí, identifique os valores e possíveis fontes de renda necessários para subir degrau por degrau.

Para isso, é essencial seguir alguns passos. O primeiro deles, evidentemente, é organizar-se financeiramente, conhecendo qual a sua renda mensal e quais são seus gastos fixos e variáveis – desde a conta de luz aos pedidos de delivery. Todas as despesas precisam estar na ponta do lápis, até mesmo as mais simples e banais. Somente com essa visão transparente e completa de todo o cenário, é possível perceber os gargalos e pensar em alternativas para solucioná-los.

A partir daí começa a fase de planejamento, ou seja, fazer a renda mensal ser suficiente para cobrir todos os custos listados anteriormente e, se possível, criar uma reserva de emergência. Não é uma tarefa fácil, mas é extremamente necessária em um cenário de instabilidade econômica como a que vivemos. Comece revendo os gastos considerados supérfluos, ou seja, aqueles pouco urgentes e que “podem esperar”. E claro, se policie para evitar desperdícios, tentando manter sua qualidade de vida, sem esbanjar.

Por fim, analise as opções de investimentos ou crédito responsáveis e as fontes disponíveis para financiá-las. Não se trata apenas de escolher ativos financeiros, mas financiar aquela despesa que pode ser projetada como um investimento a longo prazo (a realização de intercâmbios e cursos de idiomas são exemplos). Diferentemente de anos anteriores, hoje há uma infinidade de opções de crédito que atendem diferentes perfis – cada uma delas com suas peculiaridades e objetivos. Basta pesquisar bem.

Já falei em uma das colunas sobre o uso consciente do crédito para alcançar um objetivo. E reforço: o dinheiro pode (e deve) ser a solução para os problemas enfrentados por muitas famílias. Passada a dificuldade de acesso ao crédito, que era comum há alguns anos, a busca agora é pelo fomento de uma relação saudável, na qual as pessoas saibam como utilizar sua renda extra.

Esse olhar certamente é potencializado pela maior compreensão da educação financeira. Afinal, com conhecimento e orientação, todos podem ter uma relação saudável, responsável e sustentável com o dinheiro – assim fica mais fácil tirar velhos planos da gaveta e finalmente colocá-los em prática.

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