quinta-feira , 2 maio 2024
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Mercado Conecta surge como alternativa coletiva para marcas superarem as dificuldades da crise

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Começar um pequeno negócio é um desafio repleto de obstáculos para o nanoempreendedor que, diferente de uma empresa tradicional, precisa cuidar individualmente de sua ideia desde os estágios iniciais até a superação das dificuldades, ou seja, cuida sozinho de todas as tarefas importantes, desde o design, passando pelo marketing, vendas, financeiro e relacionamento com os clientes, entre muitas outras.

Com a pandemia o desafio foi ainda maior, os dois últimos anos foram repletos de dificuldades, com o apoio ao nanoempreendedor reduzido e a necessidade de se adaptar a novas tecnologias para que o negócio não parasse, mas muitos conseguiram se reinventaram e ajustaram seus negócios ao “novo normal”. Essa adequação do mercado nanoempreendedor só foi possível graças às inovações de comunicação com o cliente através de plataformas digitais.

O Mercado Conecta é uma das pontes de ligação entre nanoempreendedores e clientes durante a pandemia, o coletivo de marcas autorais nanoempreendedoras utilizou da tecnologia de plataformas digitais para ajudar os pequenos negócios a comercializarem os produtos online e se manterem atuantes. Inicialmente através do e-commerce e, posteriormente, por meio de eventos em aplicativos de mensagens, tornou-se ponto de encontro entre marcas e clientes. No primeiro evento, realizado em agosto de 2020, houve a participação de 25 marcas e 800 clientes, somando um total de R$ 20.000,00 em faturamento num único dia.

Mas, até chegarem a esse ponto, foi preciso analisar as principais dores encontradas pelos nanoempreendedores, a começar pelo termo “nano” adotado para pequenas marcas, que representa o trabalho de uma única pessoa ou família em todos os departamentos do negócio, trazendo identidade para a marca que tem o DNA de seu criador depositado em todos os processos.

Para o coletivo o cenário atual não tem sido otimista, se olharmos do macro ambiente de negócios para o micro, alguns fatores apontam um sinal de alerta, que foi identificado por eles neste processo de sobrevivência. Um dos obstáculos é o apoio de políticas públicas através de micro empréstimos.

“O micro empréstimo não é necessariamente uma maneira de deixar o negócio sustentável mas, sim, uma maneira de endividamento para o pequeno, políticas de apoio reais preveem iniciativas de canais de venda, capacitação, entre outras coisas que não apenas o micro empréstimo”, explica o coletivo, que observa essa possível ajuda financeira como um obstáculo para a geração de empregos no país. “Se pensarmos que esse é um dos setores que mais gera empregos no Brasil, vemos que se trata de um erro estratégico do governo atual”, complementa.

O desemprego foi uma das consequências que a crise sanitária trouxe para o país, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), foram registrados 13,5 milhões de desempregados no país no 3º trimestre de 2021, com uma taxa de desocupação de 12,6%. Esse processo forçou muitos dos trabalhadores formais a virar a chave e buscar alternativas que os levassem ao empreendedorismo para suprir suas necessidades básicas.

“O empreendedorismo brasileiro nasce da necessidade de sobrevivência do cidadão, na maior parte das vezes, é a pessoa que fica desempregada, e que precisa trabalhar para poder viver, em sua maioria não está preparada para essa jornada e vai aprendendo na raça tudo que precisa para que seu negócio vá adiante”, explica o coletivo.

Outra dificuldade é a econômica, com a inflação em alta e a crise no abastecimento de diversos insumos necessários para que os negócios se concretizem, o nanoempreendedor precisa correr atrás do lucro de suas vendas, mas se depara com o menor poder de compra do consumidor, dificultando as vendas e diminuindo o número de novos clientes. A saída foi reinventar e buscar saídas diante destes obstáculos através do desapego com o senso comum do mercado antes da pandemia.

“A pandemia veio para sacudir o hábito do consumidor, fazendo com que os meios e canais de antes passassem por modificações e se adaptassem a essa nova realidade, quem entra na atividade pensando como antes, tende a ter maior dificuldade de se manter”, expõe.

Superando obstáculos juntos

Como questão de sobrevivência para novos empreendedores e, para aqueles que já estavam no mercado, olhar para o cenário incógnito que se apresentava no início da pandemia e se reinventar encarando mais obstáculos do que já existiam antes, foi provavelmente a principal dificuldade encontrada. Estas pessoas precisaram mudar o modo como se dedicavam à sua marca, pois havia um novo hábito de consumo surgindo e muitas incertezas no horizonte, porém as ferramentas estavam postas à mesa e era só preciso utilizá-las.

Enfrentar os problemas de forma coletiva foi o respiro que muitos destes nanoempreendedores precisavam. Juntas, as marcas nanoempreendedoras do Mercado Conecta se conectaram, literalmente, para repensar detalhes básicos de sua produção, sobre divulgação e, é claro, sobre vendas.

“Em meio à crise, sozinho foi a maneira mais difícil de conseguir quebrar os próprios paradigmas, a maneira mais fácil foi procurar apoio em grupos de interesse mútuo, trocando ideias, experiências e suportando ações de maneira colaborativa”, conta o coletivo que, com essa atitude comunitária, enxergou uma luz no fim do túnel de um cenário que se mostrava caótico.

Em conjunto, as marcas conseguiram direcionar ações benéficas para mais de um segmento, atraíram novos clientes que não se interessavam somente por uma marca, pois agora havia um leque de opções que se apoiavam mutuamente. “Só conseguimos encontrar novos meios juntando os conhecimentos e habilidades de várias pessoas no uso das tecnologias disponíveis, essa troca foi um ganho rápido e eficaz para enfrentar a crise”, complementa.

O Espaço Mercado Conecta 

Em julho de 2021, foi inaugurado o Espaço Mercado Conecta, um mix de loja e café, no Brooklin. No espaço, as marcas realizam oficinas para capacitação e conexão entre empreendedores e comunidade local, além de aprenderem diariamente com o desafio de vender em um espaço fixo, já que a maioria participava de feiras, podendo apresentar diretamente os seus produtos aos clientes.

Atualmente,o espaço conta com 70 marcas e a meta é expandir ainda mais. O grupo pretende crescer para além de 2.500 marcas atuantes na base e ter ao menos 75 marcas no espaço, com uma participação flutuante de pelo menos 300 marcas por mês, em iniciativas como feiras e eventos online.

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